sexta-feira, 15 de julho de 2011

OS EXCÊNTRICOS TENENBAUMS (The Royal Tenenbaums, Estados Unidos, 2001)


Todas as obras que eu comentei aqui no Blog são admiradas por mim. Algumas delas ultrapassam esse reconhecimento e ingressam no meu gosto pessoal. Isso ocorreu com este filme sobre o qual eu agora vou falar.

Já faz tempo que eu conheço este filme e mais tempo ainda que eu admiro o trabalho de Wes Anderson, que teve recentemente outra obra sua comentada aqui. Já assisti a todos os filmes desse cineasta e nunca fiquei decepcionado. Mas, para mim, este filme em particular consegue  sensibilizar até mesmo um expectador desavisado. A forma divertida, única e inusitada de como temas sérios que envolvem a família são tratados cativam o expectador de maneira ele só se apercebe de sua seriedade depois de estar rindo da situação.

A história deste filme retrata a vida de uma família em que seus três filhos tornaram-se gênios, cada um em uma área diferente. Apesar disso, o pai deles (Gene Hackman), típico cafajeste trambiqueiro, menosprezava essas qualidades de seus filhos, mas foi seu comportamento mundano que fez com sua esposa (Angelica Huston) pedisse para se separar dele. Esta, educou sozinha e com sucesso as crianças, mas em suas idades adultas tragédias pessoais diferentes fizeram-nos experienciar momentos difíceis, mas tudo isso de forma bastante inusitada, para dizer o mínimo.

Todo o elenco deste filme é de primeira grandeza e cada um dos atores desenvolve seu trabalho de forma bastante peculiar, mas de maneira que o conjunto não podia ser mais harmônico. Cada personagem é repleto de excentricidades, sendo todos eles retraídos cada um de um jeito diferente. Contrastando a tudo isso, está o personagem de Gene Hackman, que como sempre está fantástico em seu papel. As ações irresponsáveis e cínicas desse personagem chegam a ser tão absurdas que acabam sendo cômicas. Diante desse seu comportamento, o expectador não fica com outra reação a não ser sorrir de seu descaramento.


Os filmes de Wes Anderson são sempre repletos de ótimos atores, por isso esse aspecto não é algo novo a ser mencionado. Outra característica dos filmes desse cineasta é o mundo que ele cria e no qual se passa a história. Esse mundo é ficcional mas não é completamente irreal. De todo jeito, a ambientação inventada faz todo o diferencial. Neste filme não é diferente, mas nesse ponto o mundo fictício elaborado está belamente detalhado. Os menores aspectos e a forma como cada um deles é apresentada é envolventemente cativante. Essa particularidade convida o expectador a orbitar nesse mundo, sendo esse convite aceitado com um sorriso no rosto.

No entanto, essa aceitação ocorre também devido à primorosa trilha sonora usada no filme. Nesse ponto em específico, o que impressiona não é apenas a utilização de artistas de renome como os Ramones, Bob Dylan, The Beatles e outros, mas sim o momento em que suas músicas são utilizadas no filme. Há sempre uma correspondência entre a canção tocada e o que está a ser mostrado na tela. Essa sincronia torna ainda mais agradável de se assistir ao filme, pois convida outro sentido a participar dessa festa.

Este filme é uma sátira bem humorada que trata sobre tópicos sensíveis da natureza humana. Não é um filme que busca risadas a todo custo, nem que se ria do começo ao fim, mas também é impossível não se divertir com esses personagens que, apesar de serem absurdamente sérios, precisam conviver forçosamente com o cômico cinismo de seu pai. Quem procura um filme de humor fácil, que aborda temas de forma simples e linear, não irá conseguir internalizar o mundo que neste filme é tão belamente introduzido para nós. Mas quem aprecia o inconvencional e gosta de ver o mundo por uma visão inusitada vai, com certeza, sorrir nessa experiência prazerosamente diferente.


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