segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O IDIOTA (Fiódor Dostoiévski)


Por si só o título deste livro já intriga e desperta curiosidade em quem o lê. Comigo não foi diferente, ao ler  o título deste livro despertaram em mim algumas questões, pois para mim dele surgiam duas possibilidades: a primeira seria a de que o personagem principal do livro era um idiota e que seu comportamento iria ser analisado e contado no livro. A segunda hipótese que eu cogitei era a de que, na verdade, o autor demonstraria que o idiota seríamos nós, os leitores. Acontece que o livro não está longe de nenhuma dessas minhas cogitações. Após ponderar sobre o título vi que o autor do livro era Dostoiévski e esse era o último argumento de que eu precisava para ler o livro.

Ao iniciar a leitura desta obra eu tive outra curiosidade, a de saber que tipo de idiota o autor estava se referindo. Eu não sabia se era um idiota significando um canalha ou um irresponsável, ou ainda se era a enfermidade da idiotice. Dá para ver que eu tinha várias perguntas e estava ansioso para descobrir suas respostas.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A ORIGEM (Inception, Estados Unidos, 2010)


Um acontecimento atual e dominante é o de que, cada vez mais, a preocupação presente ao se fazer um filme é a utilização de efeitos especiais. Parece que o uso desses recursos se sobrepôs ao conteúdo dos filmes, transformando a existência de uma boa história apenas incidental, e que serve como um pretexto para se usar efeitos de computação gráfica, tecnologia 3D, entre outros. Apesar dessa tendência inegável, o filme “A Origem” fugiu dessa regra e aliou uma história interessante e efeitos surreais em um bom filme, e fez isso sem pôr em segundo plano a história a ser contada.


Depois de emplacar com uma sequência de sucessos, especialmente a aceitação imediata e explosiva do público por “O Cavaleiro das Trevas”, Christopher Nolan passou a gozar de ampla aceitabilidade dos estúdios de Hollywood. Isso fez com que ele conseguisse, não só a permissão, mas o orçamento necessário para filmar esta audaciosa ficção científica. Além de o elenco por si só custar quase o valor integral de muitos filmes, os efeitos especiais necessários para contar a história de “A Origem” representam outra cifra milionária. Mesmo assim, este diretor e escritor conseguiu a aprovação necessária e não desapontou nem as estúdios, nem as fãs.

A Origem (Inception) - Trailer

sábado, 6 de novembro de 2010

DEIXA ELA ENTRAR (Låt den rätte komma in - Let The Right One In -, Suécia, 2008)



















  


Quando esse filme ficou disponível em DVD, eu li um breve comentário a seu respeito e fiquei curioso para assisti-lo. Apesar disso, só tomei essa iniciativa há dois dias atrás (31/10/2010) e com certeza não estava preparado para o impacto que ele causou. A forma como esse filme foi tratado e exposto transporta para os espectadores um sentimento de remanescência, fazendo com que, quem o assiste, carregue-o em sua mente mesmo após ele haver acabado.


A história é de um menino de 12 anos que no colégio é vítima de abusos e implicâncias por parte de outros colegas. Envergonhado com essa situação, ele a omite em casa e procura refúgio sozinho. Ao estar solitário no pátio em frente ao seu edifício, esse menino conhece outra menina de mesma idade que a sua, e iniciam uma bela amizade. O que a menina tenta manter omitido é que ela é uma vampira e, assim, precisa de sangue humano para viver.

Let the Right One In Official HD Trailer

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ALMAS À VENDA (Cold Souls, Estados Unidos, 2009)

De forma estereotipada, o gênero ficção científica é pensado como sendo só de filmes que tratam sobre futuros distantes com carros voadores, ou títulos cuja história é passada no espaço sideral. É verdade que boa parte dos filmes desse gênero se encaixam em uma ou nessas duas descrições, mas isso não deve restringir essa classificação. O filme Cold Souls é uma hipótese de filme de ficção científica que se passa no presente e com personagens bastante reais, ainda assim não deixa de pertencer ao gênero da ficção científica.

Neste filme Paul Giamati interpreta nada menos que Paul Giamati. No filme, seu personagem está ensaiando para uma peça de teatro escrita pelo autor russo Tchekov. O peso emocional de seu personagem teatral é transbordante, e Paul Giamati se encontra sobrecarregado emocionalmente, o que o impossibilita de progredir como ator. É nessas circunstâncias que lhe recomendam visitar uma clínica especializada em extrair as almas das pessoas e guardá-las. Relutantemente, o ator dirige-se à clínica e, por fim, extrai sua alma e esta fica guardada no próprio estabelecimento. Desprovido dessa parte de seu ser, esse personagem encontra um alívio inicial. No entanto, após um certo período todos os seus relacionamentos acabam por se deteriorar tendo em vista seu comportamento estranho e inesperado. Por fim, Paul Giamati decide reincorporar sua alma a seu ser, e é aqui que ele descobre que sua alma fora contrabandeada para a Rússia. A partir de então se inicia a caravana para obter sua alma de volta.


COLD SOULS - Trailer HD Legendado

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

FOI MAL AÍ!


Caros leitores, eu fiz uma pequena modificação na postagem anterior. Ao lê-la pela segunda vez, e com um olhar diferente, eu notei que logo na introdução do comentário sobre o disco do Nick Cave eu soei um pouco prepotente. Isso é só um detalhe, mas me incomodou porque essa característica não pode ser mais contrária à minha pessoa. Eu não sei quantas pessoas leram o antigo post, mas dessa vez espero que não tenham sido muitas. :) De todo jeito, já realizei as devidas modificações e espero que agora esteja do agrado de todos.

Peço para que não parem de acompanhar as minhas postagens nem que tirem conclusões apressadas a meu respeito. Eu realmente percebi a impressão equivocada que a introdução anterior passava, tanto é que já a alterei.

Um grande abraço para todos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

HENRY’S DREAM (Nick Cave And The Bad Seeds, 1992)

Varia muito as maneiras como nos deparamos com obras que acabam alargando nossos horizontes. Muitas vezes é a pura coincidência que nos premia com essas oportunidades, outras vezes contamos com a força de outra pessoa que, conscientemente ou não, nos aconselha uma certa obra. Foi assim que investi neste disco do Nick Cave. Um amigo meu disse-me que este disco era bom e que valia a pena investigar. Apenas com essa informação comprei o disco e fiquei atordoado. No fim das contas ele é  impressionantemente excelente! 


Já na primeira ouvida do disco, Nick Cave envolve os ouvintes com o ritmo frenético das canções iniciais e os mantém hipnotizados até o fim do álbum. Essa é a primeira impressão. Depois o ouvinte fica com desejo de explorar cada música, e assim vai descobrindo mais facetas além da enérgica pressa apresentada nas canções de abertura. Por fim, descobre-se que o disco é sensível e emotivo, mas não num sentido meloso para essas palavras. Muito pelo contrário.


nick cave papa won't leave you henry live at paradiso

domingo, 29 de agosto de 2010

O ESCAFANFDRO E A BORBOLETA (Le Scaphandre et le Papillon, França, 2007)

 

Talvez elogiar este filme tenha se tornado em um lugar comum, mas talvez ainda tenha gente que não o tenha assistido, assim, faz o que vou escrever não ser repetitivo.

O Escafandro e a Borboleta é baseado na história real de um antigo editor da revista Elle francesa que teve um derrame, deixando-o apenas com o controle de seu olho esquerdo.

Apenas ao ler esse enredo superficial, uma pessoa já fica sensibilizada e com vontade chorar, amolecendo o corpo e esperando uma história triste e deprimente. Essa é a reação natural que se espera de qualquer um que se prepara para ver uma história de alguém que ficou, além de tetraplégico, apenas com a possibilidade única de controlar seu olho esquerdo. No entanto, este filme é capaz de tornar uma história com esses tristes fatores em uma deslumbrante mensagem de esperança, persistência e paciência.

Trailer de O ESCAFANDRO E A BORBOLETA - Nos cinemas!

LUNAR (Moon, Estados Unidos, 2009)


Mais uma vez, eu estava vasculhando os filmes que provavelmente passaram subestimados pelos cinemas brasileiros, foi então que encontrei este título. Eu logo vi que ele estava incluso em um grande número de festivais, concorrendo principalmente nas categorias de melhor direção, melhor ator e melhor filme. Isso despertou meu interesse e decidi dar uma olhada. Assisti ao trailer na Internet e vi que se tratava de uma história introspectiva de um homem vivendo sozinho na Lua. Como eu gosto de analisar, além dos aspectos técnicos, o conteúdo dos filmes, resolvi verificar por quê este título estava sendo tão celebrado nos festivais mundo afora.

Eu pensei que iria assistir a um bom filme, mas tive minhas expectativas excedidas. Esta é uma ficção científica sem explosões ou aliens, que trata de um homem (interpretado por Sam Rockwell) que tem um contrato de 3 anos para morar sozinho na Lua e coordenar a extração de um minério responsável pelo fornecimento de energia para a Terra. Durante esse período ausente sua única companhia é a de uma máquina, GERTY (voz de Kevin Spacey), que administra o bem-estar dele e supervisiona a estação espacial em que ele se localiza. Com essa máquina é que este personagem conversa e mantém o mínimo senso de contato neste longo isolamento a que está submetido.  

LUNAR (Moon) - Trailer HD Legendado

sábado, 21 de agosto de 2010

ROLLING STONES – EXILE ON MAIN ST. (1972, 2010)

A carreira dos Rolling Stones pode ser contada em gerações mas eles continuam tocando e dançando por aí. Essa persistência não é unanimemente bem recebida mas eles ainda lotam estádios e casas de espetáculo com seus shows dançantes, elétricos e repletos de clássicos musicais. E aqui está o ponto principal das atuais críticas que a  banda vem recebendo.

Os Rolling Stones participaram e contribuiram para um grande momento na música, especialmente para o gênero do rock’n roll. Os anos 60 e 70 receberam suas melhores músicas e puderam admirar a melhor forma das suas inimitáveis performances. Suas apresentações sempre foram empolgantes e, diante de tanta energia, a indagação natural que emanava era a de até quando eles iriam suportar esse ritmo. A resposta, que ainda permanece sem previsão para ser dada, com certeza assombra quem os viram mais de quarenta anos atrás.
A banda continua se apresentando e de vez em quando ainda grava um disco de inéditas, para motivar mais uma turnê. Essa energia é com certeza admirável e permite que antigos fãs revejam sua vibração, da mesma forma novos fãs podem conhecer em carne, osso e música quem estava presente quando muito aconteceu no rock. 

terça-feira, 17 de agosto de 2010

IRREVERSÍVEL (Irréversible, França, 2002)


Como o título deste filme sugere, após assisti-lo é impossível de voltar atrás. Este filme fica com você mesmo depois de haver terminado. Seja pelas cenas de violência explícitas e grotescas, seja pelo horror que as desencadeou e que, por fim, fertiliza nossa aceitação, ou ainda pela forma como este título foi filmado, qualquer uma dessas razões, ou todas elas, agrega este filme ao seu pensamento.

O enredo é simples: Um casal vai para um festa com um amigo e depois de um breve desentendimento, a namorada de um deles decide voltar para casa sozinha. No caminho de volta, em um beco escuro, no subsolo, ela é brutalmente estuprada. Ao tomar conhecimento dessa situação e vê-la indo para o hospital, seu namorado, embriagado de raiva e expelindo vingança, segue atrás do responsável desse ato inumano. Esses eventos acontecem durante uma única noite em Paris.


IRREVERSIBLE - Trailer

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

KICK ASS – QUEBRANDO TUDO (Kick Ass, Estados Unidos, 2010)


Este filme estava a ser divulgado na Internet há algum tempo. Isso gerou uma considerável ansiedade para sua estréia, e só ficou faltando ver se sua qualidade ia fazer jus a essa expectativa. Quando finalmente assisti este filme fiquei positivamente surpreso, e estonteado pela audácia de colocarem uma garota de 12 anos retalhando bandidos e querendo sorevete depois. Algumas fronteiras moralistas foram aqui derrubadas, mas acho que os filmes devem realmente fazer isso: Ir além das fronteiras convencionais para nos mostrar diferentes espectros.

Já faz algum tempo que a realização de filmes de super-heróis têm crescido em Hollywood. Um dos fatores que insentivam esse acontecimento é a possibilidade de se poder incluir em um filme quase tudo, se não tudo, que se possa imaginar em termos de ação, isso graças aos efeitos especiais disponíveis e à computação gráfica utilizada.

Foi nesse ambiente que apareceu “Kick Ass – Quebrando Tudo”, um filme de super-heróis, cujos personagens, na verdade, não são tão super assim, fazendo o filme ser super-divertido.

KICK-ASS - Official Trailer [HQ]

O ANTI-HERÓI AMERICANO (American Splendor, Estados Unidos, 2003)


Por estar sempre procurando filmes que por aqui no Brasil passaram despercebidos, encontrei este título pouco mencionado nos canais dominantes de comunicação. Apesar de não ser estampadamente divulgado, este filme encontrou seu espaço na vertente “underground” de cinéfilos. Não sei se me encaixo nesse grupo, pois não sou daqueles que só gosta de filmes vanguardistas, mais comuns nas produções independentes, mas sempre escutei comentários sobre este filme, e eles vieram com boas referências. Sendo recomendado por fontes confiáveis, decidi assisti-lo, para, então, escrever sobre ele.

American Splendor é baseado na vida real de Harvey Pekar, um homem amargo e pessimista que tem como passatempos colecionar discos de jazz e revistas em quadrinhos cultuadas nas esferas de vanguarda. Seu trabalho era de arquivista em um hospital e isso lhe rendia um salário digno da classe média baixa, lhe servindo de desculpa para seu comportamento de pão duro. Seu mau humor era ainda agravado por um problema nas suas cordas vocais ocasionado pelas suas constantes gritarias. A vida desse personagem ia como sempre, carrancuda, solitária e invariável. Foi inspirado nisso e nas constantes situações incômodas e enervantes enfrentadas no dia a dia, que ele decidiu escrever uma história em quadrinhos que apontasse esses constantes desconfortos. Como ele não sabia desenhar, pediu para um amigo seu, um ilustrador com carreira conhecida, para desenhar os personagens.

American Splendor - Theatrical Trailer

FILMES DE 2009 ESQUECIDOS PELAS SALAS DE CINEMA BRASILEIRAS

O ano de 2009 foi presenteado com filmes inteligentes, intrigantes, românticos, irônicos, históricos e denunciantes. No entanto, foi por possuir pelo menos uma dessas qualidades que os mesmos foram subtraídos dos cinemas brasileiros. Esses filmes não tiveram uma divulgação de “blockbuster”, nem contaram com um marketing direcionado para as multidões, não tiveram como personagens principais explosões, destruição, ou devastações geradas por computador. As histórias retratadas nesses filmes tiveram seu foco no aspecto humano dos personagens. Mesmo no filme que tem a guerra como cenário, ou no que trata de uma trama de proporções internacionais, é o elemento humano que conduz a história. Isso serviu para deixá-los impedidos de adentrar nas salas de cinema brasileiras. Para dizer que eles não foram por inteiro afastados, as vezes conseguia-se espremê-los na programação por uma semana, ou colocá-los em horário diferenciado por serem filmes de arte, quando na verdade não são. E assim perdemos de desfrutar de títulos que exigem reflexão e que carregam sensibilidade consigo.
                                           
Vamos ver aqui alguns desses filmes que lamentavelmente tiveram, quando muito, uma apresentação diminuta nos cinemas brasileiros.