Mais  uma vez, eu estava vasculhando os filmes que provavelmente passaram  subestimados pelos cinemas brasileiros, foi então que encontrei este  título. Eu logo vi que ele estava incluso em um grande número de  festivais, concorrendo principalmente nas categorias de melhor direção,  melhor ator e melhor filme. Isso despertou meu interesse e decidi dar  uma olhada. Assisti ao trailer na Internet e vi que se tratava de uma  história introspectiva de um homem vivendo sozinho na Lua. Como eu gosto  de analisar, além dos aspectos técnicos, o conteúdo dos filmes, resolvi  verificar por quê este título estava sendo tão celebrado nos festivais  mundo afora.
Eu  pensei que iria assistir a um bom filme, mas tive minhas expectativas  excedidas. Esta é uma ficção científica sem explosões ou aliens, que  trata de um homem (interpretado por Sam Rockwell) que tem um contrato de  3 anos para morar sozinho na Lua e coordenar a extração de um minério  responsável pelo fornecimento de energia para a Terra. Durante esse  período ausente sua única companhia é a de uma máquina, GERTY (voz de  Kevin Spacey), que administra o bem-estar dele e supervisiona a estação  espacial em que ele se localiza. Com essa máquina é que este personagem  conversa e mantém o mínimo senso de contato neste longo isolamento a que  está submetido.  Após  sofrer um acidente de trabalho quase fatal, o personagem central se vê  em uma situação inusitada e descobre que, na verdade, está sendo  manipulado pelos seus empregadores.
Esse é o enredo geral e é melhor eu não dizer mais nada pois não quero estragar a história do filme.
Como  é um filme praticamente de um único personagem, estando este na Lua, eu  pensei que seria devagar e às vezes monótono, mas estava errado. Os  desdobramentos da história acontecem em um ritmo que retira qualquer  monotonia, e a sólida atuação multifacetada de Sam Rockwell mantém-nos  constantemente interessados no filme.Este  título abrange questões humanas como o menosprezo crescente pelas  pessoas, a exploração destas sem a menor consideração pelos seus  sentimentos, abordando ainda a compaixão entre os seres humanos.
A  situação de isolamento na qual este título foi filmado enaltece os  sacrifícios que o personagem principal ultrapassa. O cenário solitário e  a trilha sonora ajudam o espectador a sentir-se envolvido com a  história e com a conotação desejada ao filme, mas é com a atuação de Sam  Rockwell, o ator principal, que este trabalho obtém grande parte da  atenção que lhe é fornecida. Este ator foi o diferencial necessário a  este filme cujo foco é quase que totalmente em sua pessoa. A capacidade  de Sam Rockwell de se mostrar envolvido de solidão, aliada com sua  versatilidade para as variações emotivas, envolve todo o filme.
Entretanto,  devo mencionar um detalhe o qual eu considerei inicialmente uma  repetição de uma antiga fórmula. Esse detalhe foi a presença de uma  máquina que possui a capacidade de falar e de controlar a funcionalidade  da nave. Eu achei que, como aconteceu já em outros filmes,  especialmente em 2001: Um Odisseia no Espaço, de 1968, esta  máquina iria rebelar-se e por em risco a vida do personagem. Mas isso  não acontece. Pelo contrário. Em vez assumir um comportamento frio e  extremamente racional, é esta máquina que acaba tendo mais compaixão  pelo personagem com que mantém contato do que as pessoas que o puseram  lá.  Sendo mostrada dessa forma, a presença de uma máquina que simula  inteligência, não se tornou um fator prejudicial a este filme e nem  passou a impressão de se recorrer a um lugar comum. Pelo contrário, esse  aspecto já explorado em outros filmes tinha que estar presente pois  condiz perfeitamente com o ambiente descrito na história. 
Este  filme está chamando a atenção de muita gente pela sua qualidade, tanto  de direção quanto de atuação. O enaltecimento oferecido faz-se por  merecer, por isso lamento que ele não foi projetado nos cinemas daqui do  Brasil. Resta, assim, nos conformarmos com seu lançamento em DVD que,  mesmo não sendo igual ao cinema, deve ser recebido com contentamento tendo em vista o enriquecimento artístico e pessoal proporcionado  por este filme.


Nenhum comentário:
Postar um comentário