sábado, 24 de novembro de 2012

DEPOIS DO CASAMENTO (Efter Brylluppet, Dinamarca, 2006)





Este filme não é muito falado por aqui e provavelmente vocês nunca ouviram falar sobre ele. Mas não devia ser assim. Este filme possui uma história humana e belíssima, de como a bondade de um homem precisa sacrificar até mesmo outros atos de bondade. Neste filme, revelações inesperadas desarmam qualquer tipo de proteção, e inescapavelmente desviam o rumo das pessoas. São situações que exigem bondade, e possuem ainda mais relevância pelo personagem principal ser tão bom. Uma história surpreendente merece reconhecimento também pela atuação impecável do elenco que emociona e é emocionado por seus papéis. A Dinamarca nos presenteou com outra obra que ocupa um patamar superior nas obras cinematográficas. Conheçam este filme para serem presenteados com lições que a vida nos dá.


Nesta história, um dinamarquês, que mora na Índia, dirige um precário orfanato e presta serviços de caridade. Ele é chamado para voltar para a Dinamarca e lá conhecer futuros investidores e, assim, salvar seu projeto. Ao chegar à Dinamarca, ele conhece o investidor e se vê obrigado a ir ao casamento da filha dele. Nesse casamento, ele toma conhecimento de revelações que irão mudar sua vida para sempre.

O enredo deixa o expectador curioso para saber que revelações são essas, mas isso é bom. Essa curiosidade pode fazer o expectador ir ver o filme e isso será ótimo. Deve-se saber, no entanto, que este filme traz uma história com relacionamentos humanos. Esses relacionamentos não estão romantizados ou vistos como ideais, na verdade cada personagem tem de enfrentar seus próprios defeitos, que são inerentes ao ser humano e fazem cada pessoa única. 

Neste filme veem-se pessoas, não mocinhos e bandidos. Não há o inimigo nem o herói. O que se vê são situações que a vida coloca diante desses personagens, mas situações que exigem sensibilidade, responsabilidade e escolhas cheias de repercussões. Por essa humanidade presente no filme é que a atenção do expectador fica presa. Esse mesmo expectador, calado e mentalmente, faz sua escolha, e, depois, ainda calado, se orgulha ou se envergonha dela.

A atuação neste filme está impecável. Logicamente, os atores são desconhecidos do público brasileiro, mas eu sempre tento influenciar para isso não impedir a admiração de uma obra. Os atores neste filme merecem todo nosso aplauso. Eles tiveram que transmitir emoções difíceis e complexas, mas fizeram isso com maestria. Mesmo os atores mais jovens conseguiram expor sentimentos tão confusos que precisam de grande maturidade. Os atores, com olhares, transmitem um emaranhado de sentimentos, por essa proeza dificílima, eles merecem nosso elogio, pois, com isso, eles fizeram este filme humano.


Sem poder deixar de ser elogiada, também está a diretora do filme, Susanne Bier. Este é um filme baseado em história, e não em efeitos ou computação gráfica. Por isso é preciso saber como contar essa história para engajar o público nela, e isso Susanne Bier fez muito bem. Desde o começo, ela deu atenção ao olhar das pessoas. Essa atenção foi para que o expectador pudesse reconhecer os sentimentos que estavam sendo vividos. Os olhos sempre refletiram bem as emoções e essa escolha da diretora ajudou a perceber os sentimentos dos personagens.

Atores, direção e roteiro nos presentearam com uma obra sensível que nos ensina mais do que superficialmente mostra. Permita-se gostar deste filme, pois sua história reclama sensibilidade e responsabilidade, inclusive de quem o assiste.

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