quarta-feira, 18 de abril de 2012

NAPOLEON DYNAMITE (Napoleon Dynamite, Estados Unidos, 2004)


Eu fui assistir a este filme anos depois de ele haver sido lançado, mas eu me lembro que ele foi bastante elogiado, e com isso eu achava que ele era uma dessas comédias cult. Mesmo assim, um dia resolvi assisti-lo, e essa experiência foi empolgante e surpreendente. Na verdade não sabia quase nada sobre este filme, e me deparei com uma caricatura verídica da vida adolescente em um ambiente rural nos Estados Unidos. São assustadoramente reais os aspectos demonstrados.

 A extrema ingenuidade, a ilusão alimentada, a crença numa realidade inexistente, tudo isso existe nesse ambiente rural americano. Eu digo isso, pois, como aluno de intercâmbio, fui uma testemunha direta disso tudo. Havendo vivenciado essa experiência, fiquei aliviado com este filme, pois tudo que eu dizia está lá. De forma trágica ou divertida, não importa, este filme é um trabalho que aborda, dentre outras coisas, uma ingenuidade de uma sociedade influente, mas ainda fantasiosa.

O filme se passa na década de 1990, e conta a história de um adolescente, Napoleon, que, visto como um nerd, enfrenta a implicância na escola e sua consequente exclusão nesse meio. A família desse adolescente possui características bastante peculiares que tornam a ironia de suas vidas extremamente divertida para nós, expectadores. Todos no filme são ingênuos, até os figurantes, e vivem com uma noção irreal e infantil do mundo. Essa ilusão alcança um ponto que chega a divertir o expectador, que fica esperando até onde a ingenuidade dos personagens pode ir.


Neste filme tomou-se um cuidado especial para transportar o expectador, tanto para a época, quanto para o ambiente em que a história se passa. Chamou logo a minha atenção a trilha sonora escolhida. Ela passa a ideia de música retro e nos leva imediatamente ao começo da década de 1990 ou até ao final da década de 1980. Por vezes são tocadas músicas de bandas conhecidas, e até essas músicas são dessa época. Esse cuidado valeu a pena, pois fica difícil não imergir nesse período. Logicamente, incluso nesse trabalho de ambientação de época estão os veículos, roupas, acessórios e penteados. Esses aspectos estão fantásticos, pois conseguem imediatamente e divertidamente nos levar a esse período.

Os atores estão todos bem, mas o que facilitou imensamente o trabalho deles foram os acessórios e o figurino utilizados. Esses fatores realmente ajudaram os atores a incorporarem seus personagens e vivenciarem as ilusões daquela época e daquele ambiente. Com isso não quero desmerecer o trabalho deles. Os atores foram impecáveis, pois conseguiram realmente nos passar a ideia de viver em uma época que para muitos ainda é familiar.


Este filme é sem dúvida é uma comédia, mas ele também faz uma crítica importante ao modo de vida americano. Como eu disse, as características dos personagens deste filme são reais. É quase como um estereótipo concreto. Sabendo disso, ao ilustrar essa verdade, o diretor critica, ou no mínimo torna as pessoas conscientes desses fatos. É mais fácil identificar o defeito nos outros do que o de nós mesmos. Assim, as pessoas, ao verem este filme, se divertem criticando a ingenuidade dos personagens, porém, essas mesmas pessoas não irão tardar em perceber que é exatamente isso que elas fazem. Ao constatar isso, muitos podem ficar até incomodados com este filme. Isso torna a crítica feita pelo diretor também uma denúncia da realidade, pois desperta a consciência de algo que estava em negação.

De todo jeito, este é filme bem trabalhado e de boas intensões. O bom seria reconhecer as críticas aqui feitas e divertidamente  mudar e amadurecer. Esse processo de mudança não precisa ser pesaroso ou negativo. Se há uma lição neste filme é a de que o amadurecimento também acontece ingenuamente.

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