quinta-feira, 12 de abril de 2012

ANIMALS (Pink Floyd, 1977)



Após esse jejum do Blog, senti-me no dever de voltar celebrando. Assim, resolvi festejar, não uma data, mas uma obra, e o trabalho que escolhi comentar é uma verdadeira obra de arte. Este disco curiosamente não é visto como uma obra de destaque de Pink Floyd, e por isso só quem tem vontade de conhecer mais a fundo a banda é que chega a entrar em contato com ele. No entanto, esses que o escutam descobrem uma obra musicalmente bela e que ainda traz letras poderosas e críticas do comportamento humano. Essas duas características em perfeita sincronia e belamente executadas nos presenteiam com um disco que normalmente é preterido por outros de Pink Floyd, mas que, ao ser descoberto, encontra seu lugar no espaço reservado para grandes obras.


Na época em que esse disco foi composto Pink Floyd contava com sua formação clássica, ou seja, Roger Waters no baixo, David Gilmour na guitarra, Nick Mason na bateria e Richard Wright nos teclados. Nesta obra, Roger Waters, como de costume, se encarregou de escrever as letras das músicas enquanto David Gilmour e o restante da banda elaboraram a parte instrumental. Foi sob esse esquema que grandes obras de Pink Floyd foram criadas, e essa foi mais uma delas.

Para começar esse comentário, destaco de imediato as letras das músicas presentes neste disco. A temática das músicas já pode ser identificada logo no título do disco, pois nesta obra Roger Waters descreve o comportamento de diferentes animais. Mas essa descrição serve, na verdade, de metáfora. O que é realmente descrito é o comportamento humano. Essa construção foi feita de forma muito interessante, e compara as ações humanas com as ações irracionais dos animais. Apesar de instintivas, essas ações foram descritas através de sua motivação psicológica, e é aí que a presença humana fica mais evidente. Ao apontar esse cunho racional nas ações teoricamente instintivas, Roger Waters fez uma efetiva crítica ao ser humano, que reveste seu comportamento com interesses e segundas intenções sendo esse o seu instinto.


Esse trabalho nas letras está muito bem elaborado. Os textos foram inteligentemente criados, e isso torna possível, inclusive, ler as letras das músicas sem precisar ouvir a parte instrumental. Até a sequência temática em que as músicas foram arrumadas ajuda nesse sentido e permite que todo o álbum carregue uma unidade em seu desfecho.

A parte instrumental, logicamente, não pode ficar sem ser comentada. Psicodélico como sempre, Pink Floyd aqui não saiu de sua característica marcante, apesar disso não se pode dizer que esse disco é parecido com outros da banda. Cada disco de Pink Floyd carrega sua individualidade. Algumas características estão sempre presentes, mas mesmo elas variam da forma como são trabalhadas. Este disco é sem dúvida psicodélico. Com longos arranjos instrumentais, sobra espaço nas músicas para se explorar o psicodelismo. Mas isso é feito sem tornar a música maçante ou tediosa, pelo contrário, as músicas deste disco são empolgantes e surpreendentes pois, mesmo longas, elas encontram uma maneira retornar ao ponto em que elas voltam a ser cantadas.

Com apenas cinco músicas, este disco pode parecer curto, mas não é. Como foi afirmado acima, as músicas são longas, com exceção da primeira e da última. Dessa forma, podem ficar tranquilos, pois, na certa, este álbum possui surpresas de sobra.

Pink Floyd não precisa de apresentações ou elogios, eles já são admirados por várias gerações. Porém, mesmo quem gosta da banda, por vezes não conhece alguns de seus discos. Esta obra recai nesse esquecimento lamentável. Este disco traz uma parte instrumental primorosa com solos de guitarra emocionantes e surpreendentes; a letra das canções está em um nível superior e apresenta uma crítica sempre atual ao comportamento humano; tudo isso é acompanhado pelo restante da banda que sempre apresenta um espetáculo para ser notado. Meu trabalho é tentar aguçar a curiosidade de vocês, e aqui eu espero ter conseguido fazer isso, pois tenho certeza de que se vocês tomarem essa iniciativa, ela será recompensada com o prazer sonoramente proporcionado.

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