quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA (Gabriel García Márquez, 1985)




Comentar este livro é praticamente um lugar comum e sua beleza já está bastante difundida e reconhecida por todos aqueles que já o leram. Mesmo assim, não consigo deixar de sentir uma necessidade de partilhar, aqui no Blog, alguns comentários sobre esta obra. Desde quando a li, ela passou a me abraçar, e sua mensagem está em mim internalizada, refletindo-se em vários atos sentimentais meus. Com isso, posso dizer que este livro, depois de lido, não representa apenas uma soma às obras já vistas, mas sim uma vida que fora contada e que, depois de partilhada, passa a fazer parte da nossa.

Antes de tudo, gostaria de dizer que esta não é uma análise minuciosa que irá esgotar as características deste livro. Não é essa minha pretensão aqui. Como eu disse antes, este é um comentário, e nele tentarei passar aspectos interessantes sobre esta obra, e dessa maneira transmitir os sentimentos que ela tão belamente expõe.

Neste livro, o amor é o personagem principal da história. É este sentimento que está em todas as ações dos personagens, e é ele que, no fundo, serve de motivação para os seus atos. Uma vez que esse sentimento está constantemente presente, ele passa a ser não só um tema abordado, mas também um personagem com uma presença quase física na história.

Apesar de reconhecer esse personagem sentimental, é claro que no livro habitam vários outros personagens sendo estes reais e paupáveis. Esses personagens são ricos e detalhados, estando cada um deles descritos para nós de forma leve e contínua. Essa apresentação progressiva dos personagens ocorre de forma bastante natural. Ela pode ser identificada quando, depois de introduzir os personagens de maior destaque, Gabriel García Márquez continua sempre a desvendar mais aspectos deles, tornando-os cumulativamente mais ricos. Isso acaba por conectar o leitor à história, pois ela fica sempre mais enriquecida com o desenvolvimento gradual de seus personagens.

A ambientação da história é outro atrativo, especialmente para nós da América do Sul. O clima tropical, a população e os lugares que servem como pano de fundo para a história são conhecidos nossos e assim de fácil visualização. Além disso, as descrições que Gabriel García Márquez faz dos objetos, das roupas usadas pelos personagens e até mesmo dos arredores são sempre detalhadas e minuciosas. Assim, por fazer parte de nossa ambientação natural, esses detalhes saltam visualmente em nossa mente e tornam a história ainda mais paupável.

Utilizando com maestria e naturalidade esses aspectos da escrita, que vieram a se transformar em uma característica desse autor, Gabriel García Marquéz conta a história de um amor que persistiu durante os anos, enfrentando um longo período de rejeição. Esse amor longamente rejeitado possui lugar de destaque na história, mas paralela e simultaneamente a ele ainda estão presentes variações de outros amores envolvendo outros personagens. Também encontra-se presente na história um amor que começou relutante, orgulhoso e imposto, mas que depois passou a conviver com o respeito conquistado através de um carinho constante. Outro amor veio clandestinamente e assim teve que permanecer, sofrendo com esse anonimato forçado. Ainda está presente o amor carnal, que precisa ser sempre saciado, mas nunca o é de forma duradoura.

Enfim, o amor está presente o tempo todo e de várias formas, mas um amor em especial, encontrado nesta obra, é tocante e emocionante. Esse amor é um amor maduro, mas que fora tardiamente consumado. Apesar de sua idade, esse amor continuou inocente e criança, sorrindo e se desejando. Sua beleza comove, conseguindo contagiar quem a vislumbra. Ao admirar esse amor, nos é passada uma tarefa duradoura, que se torna uma missão incansável, pois faz com que tentemos vivenciar esse amor, belo e sincero, em nossas vidas.

Um comentário:

  1. Parabéns, excelente!!

    Amei...
    Parabéns ao citar o grande clássico e sua obra.
    Renata

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