segunda-feira, 3 de setembro de 2012

THE WALL - MOVIE (The Wall, Inglaterra, 1982)




Este filme é conhecido, admirado, e reconhecido, mas não só entre os fãs de rock ou apenas entre os fãs de Pink Floyd. Esta obra foi primorosamente realizada, com grande empenho atuada, e poeticamente concebida. Essas características permitem que ela passe por gerações mantendo-se atual e ainda hoje admirada. Lógico que unindo esses fatores está a música irretocável e atemporal de Pink Floyd. Esse conjunto de qualidades que são superlativas faz com que eu sinta essa vontade de comentar este filme e anseie que isso empolgue outra geração a admirá-lo.


Vou começar alertando para quem nunca assistiu a este filme que aqui não são os atores que falam ou dialogam. Eles atuam e interpretam, mas mudos. Quem conta a história são as músicas que são tocadas ao fundo. Mas não subestimem esse estilo. Nesta obra, as letras são poeticamente fortes, e já evocavam imagens antes mesmo de o filme existir. Assim, o filme projetou as imagens que já eram imaginadas pelos ouvintes do disco The Wall de Pink Floyd. Mas tenham certeza, essas imagens criadas neste filme realmente representam o que as músicas contam, porém fazem isso em um grau mais alto e impressionam qualquer expectador.

A história, quase autobiográfica de Roger Waters, membro da banda, é de um cantor de rock que, ao alcançar um estado de entorpecimento por causa das drogas, começa a retrospectivamente pensar em sua vida. Na infância, esse personagem perdeu o pai na 2ª Guerra Mundial e devido a essa perda ele carregou um vazio nunca preenchido. Seu devaneio atinge também o relacionamento dele com sua mãe, com sua mulher e seu presente estado de fama, no qual ele se vê objetizado e oco para os outros, sendo explorado como um produto inanimado.

Eu posso continuar escrevendo para tentar resumir a história deste filme, mas nada que eu escreva irá perpassar o que é apresentado nele. E, principalmente, nada do que eu acrescente sobre sua história irá ilustrar a forma única e emocional como todas as temáticas são mostradas nele.

Alan Parker, ao dirigir este filme, manteve o teor poético das letras das músicas que inspiraram esta obra. A história é contada mas não da forma comum. Tudo não é mastigado e esmiuçado para que o expectador a receba de forma passiva. Neste filme, quem o assiste deve constantemente interpretar o que está sendo mostrado e nem tudo obedece a uma ordem cronológica, as lembranças do personagem variam de sua infância para o presente, e é com esses pedaços que o filme é construído. Não se deve ficar desmotivado com isso, pois essa é uma qualidade que aqui carrega uma beleza notável e transporta uma intriga mesmo depois de o filme ter acabado.


Como eu falei antes, as imagens são aquelas evocadas pelas músicas do disco The Wall de Pink Floyd. Mas neste filme isso impressiona chegando a um grau de admiração instantânea. O diretor conseguiu projetar imagens presentes até em solos de guitarra! A música de Pink Floyd não é uma música fácil, pois precisa de uma interpretação intensa para se obter o significado delas. Essa banda utiliza longas partes instrumentais para compor as suas músicas, e esses trechos sempre carregam sentimentos e evocam imagens. Interpretar essas qualidades exige sensibilidade e percepção. Neste filme, algumas cenas que possuem como fundo os trechos instrumentais impressionam por sua interpretação. É uma interpretação forte e poética que arrebata o expectador com sua beleza. Essas cenas, por vezes em animação, transmutam sentimentos, antes apenas audíveis, para serem também vistos.

 
A atuação de Bob Geldof como o personagem principal também não pode ficar sem ser elogiada. Esse ator/músico se empenhou na interpretação de seu personagem e o resultado disso possibilitou que se vislumbrasse todos os confusos e complexos sentimentos vividos por este personagem.

Enfim, sejam vocês fãs de Pink Floyd, sejam fãs de rock, fãs de cinema ou apenas admiradores de um bom filme, esta obra surpreende e emociona. A força e o poder que ela possui geram um impacto no expectador que remanesce mesmo depois de o filme haver acabado. Essa impressão é carregada e, como este filme, merece ser passada para outras gerações.

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