domingo, 24 de junho de 2012

PUBLIC SPEAKING (Public Speaking, Estados Unidos, 2010)




Legendas: Não há legendas ainda para este filme.

Pensando em um público com gosto parecido com o meu, posso afirmar que gostar deste filme é um acontecimento mais que previsível. Quem gosta de literatura e cinema vai encontrar um porta-voz neste filme. Mas essa não é uma obra restrita para quem possui esses gostos e interesses, na verdade este filme é universal. Apresentando reflexões sóbrias e críticas sobre o mundo artístico e social. A escritora Fran Lebowitz despeja seu ponto de vista sobre vários assuntos ao percorrer sua carreira. Isso tudo é realizado com o ritmo frenético de seu discurso e com o humor ácido de seu raciocínio. Esse humor faz essas reflexões acabarem por ser divertidas, mas sem perder seu senso crítico. Este é um documentário que é fácil de se gostar, mas que não pode ser menosprezado por se pensar que ele é relevante apenas para escritores. Não cometam esse erro. Devemos aproveitar as críticas apresentadas e criticar a nós próprios para que uma inflada autoconfiança não nos engane fazendo-nos pensar que somos mais do que realmente somos.


Este documentário já se apresenta diferenciado pois tem como diretor Martin Scorcese. Isso chamou de imediato minha atenção e despertou meu interesse, mas ao assisti-lo qualquer expectativa que eu tinha foi imediatamente ultrapassada. Aqui, a escritora americana Fran Lebowitz reflete sobre uma pluralidade assuntos, passando também sobre sua carreira literária e evolução nesse meio. Sem conhecer a obra dessa escritora e sem tê-la visto, é bastante provável que se resista a assistir a um documentário no qual é apenas ela a apresentar suas ideias. Mas dê uma chance a esta obra, pois imediatamente se poderá constatar como essa escritora apresenta uma visão crítica e inteligente do mundo, isso com um humor cuja acidez torna suas opiniões divertidas e relevantes.

Scorcese deu a este filme um formato para que parecesse com que essa perspicaz escritora estivesse conversando com o expectador. Vê-se Fran Lebowitz despejando seu ponto de vista de forma direta e ininterrupta, mas isso informalmente e estando ela bastante à vontade. Por estar relaxada, isso permite com que o expectador se sinta parte da conversa, apesar de ser apenas a escritora a falar em seu ritmo incessante. Até mesmo quando são mostrados excertos de palestras dadas pela escritora, o teor informal não é perdido e a edição faz parecer com que não houve sequer uma interrupção.

Moradora de Nova Iorque desde os anos 60 e 70, Fran Lebowitz vivenciou as diversas transformações dessa cidade. Como essa é uma cidade central na vida artística e cultural dos Estados Unidos, uma visão crítica sobre essa cidade é relevante, mas essa relevância não existe apenas para os americanos. Os anos 60 e 70 representam uma época de grandes revoluções sociais e artísticas cujo epicentro foi exatamente a cidade de Nova Iorque. Até hoje é possível vivenciar o impacto das mudanças ocorridas nessa cidade nessas décadas, por isso é que uma visão crítica sobre essa época permanece atual.

Mas as reflexões realizadas aqui por Fran Lebowitz vão muito além da cidade de Nova Iorque. Aspectos humanos e artísticos são abordados com uma leveza e sinceridade impressionantes, e que acabam por empolgar o expectador que, de uma maneira ou de outra, encontra um porta-voz com a habilidade de articular várias das conclusões que habitavam a sua mente, mas não encontravam, até então, um veículo de saída.

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