terça-feira, 2 de agosto de 2011

OLDBOY (Oldeuboi, Coréia do Sul, 2003)


Tem ocasiões que fico pensando sobre qual filme eu vou comentar a seguir, e por vezes lembro de um título e me pergunto: Como é que eu já não falei dessa obra ainda? Com este filme foi isso que aconteceu.

Este filme impressiona, mas impressiona em vários sentidos e em diferentes momentos. Ao saber do enredo e antes mesmo de assistir a este filme, primeiramente o expectador fica atônito com a agressão psicológica pela qual passa o personagem principal. Depois, já assistindo ao filme, o que de forma perplexa absorve a atenção do expectador, é o teor gráfico das cenas que ilustram violências físicas e emocionais. Após isso, ao terminar o filme, o expectador se  encontra desorientado e atordoado por ter experimentado esse turbilhão de emoções que esta obra consegue fazer emergir de todos que entram em contado com ela.


O enredo deste filme é de um homem de comportamento desleixado e irresponsável que é sequestrado e aprisionado em um quarto sem que lhe seja dito porquê ele está sendo mantido nessa condição. Após 15 anos aprisionado, esse homem é posto em liberdade sem que ainda lhe seja dito a motivo, apenas disseram-no que ele tinha cinco dias para descobrir quem o pusera nessa situação e porquê. A partir de então esse se tornou o único motivo para seus atos e assim começa sua tragetória.

Ao tomar conhecimento desse enredo, é impossível ficar indiferente com a situação descrita nele. A reação menos intensa que se pode ter é a de intriga, pois não se pode ter desdém diante de tal situação, mesmo ela sendo hipotética.

A idéia concretizada de passar 15 anos preso em um quarto sem ter contato com ninguém e sem saber o motivo dessa situação é mais do que suficiente para enlouquecer uma pessoa. Conseguindo manter a sanidade durante esse tempo, essa pessoa, quando posta em liberdade, perdeu o senso de razoabilidade. Dessa forma, para descobrir quem foi o responsável pelo seu confinamento, ela será capaz de realizar quaisquer atos sem, com isso, ser perturbada por remorsos. Admitindo isso, o expectador, de alguma maneira, compreende a violência que é apresentada no filme. Essa compreensão também faz com que as cenas que expõem esses atos não sejam vistas como desnecessárias ou gratuitas, pelo contrário, tendo em vista a ambientação do filme, elas são essenciais para a história.

Neste filme foi estabelecida uma unificada harmonia entre a história que seria contada e a forma como essa história deveria ser contada. Todos os envolvidos na filmagem deste título perceberam que se tratava de uma situação única e que merecia uma atenção especial. Consciente dessa situação, todos estão impecáveis em seus trabalhos. A fotografia, utilizando um filtro esverdeado e um pouco mais escurecido especialmente nas cenas de violência, impõe um realismo condizente com o sentimento do filme, pois dá o aspecto de repulsa vivenciada pelo personagem. Em contrapartida, há cenas em que este personagem invoca lembranças de quando ainda era criança, e nessas cenas as imagens são bem mais claras e iluminadas, pois são de uma época em que a inocência ainda existia.


Os atores são também motivo de elogios, especialmente o ator principal que enfrentou o árduo desafio de ilustrar as confusas emoções e transformações pelas quais passam o seu personagem.

Por fim, deve-se, sem dúvida, reconhecer o trabalho do diretor que, através de sua sensibilidade, reconheceu a importância desta obra e elevou-a a um patamar de maior destaque dentro da grandiosa trilogia da qual ela faz parte.

Todos que trabalharam neste filme sabiam que ele seria especial. Embalado nesse sentimento, eu, como expectador que já admirou esta obra, sinto o dever de recomendá-la para vocês, pois, já que tive a oportunidade de vê-la anteriormente, sei que ela é especial.

Um comentário:

  1. Tive a oportunidade de ver este filme no seu ano de estreia numa rara projecção em sala de cinema (pelo menos em Portugal). O cinema asiático tem uma vertente de violência como elemento condutor do argumento que eu ainda não consigo digerir. A cena dos dentes conseguiu arrancar-me da sala... Mas isso pouco diz sobre a qualidade deste filme.

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