sexta-feira, 24 de junho de 2011

MEIA-NOITE EM PARIS (Midnight In Paris, Estados Unidos, 2011)


Logo de início eu tenho que admitir algo, este comentário não tem como deixar de ser parcial. Eu sou um fã assumido de Woody Allen e à medida que assisto seus filmes, gosto dele ainda mais. Mas uma coisa é certa, meu gostar não é incondicional, então se eu me deparar com um filme dele que não é bom, irei admitir. Só que isso ainda não aconteceu, e com este seu último filme minha admiração aumentou ainda mais.

Os filmes de Woody Allen sempre valorizam a arte e isso é invariavelmente demonstrado, seja passeando por lugares artisticamente referenciais da cidade em que o filme se passa, seja escutando músicas que carregam consigo um valor cultural, ou seja ainda citando escritores clássicos, enfim, a referência à arte está sempre presente em suas obras. Particularmente, eu considero essa uma qualidade atrativa em seus filmes, pois além da história do filme, o expectador sempre pode contar em, através deles, aprender mais sobre arte de forma geral.

Este filme, em específico, se destaca ainda mais como uma evocação às variadas formas artísticas, ele é uma verdadeira ode à arte. Isso o torna ainda mais especial, e permite que ele imediatamente reivindique seu espaço em meio à obras capazes de inspirar o admirador.

Nesta película, um escritor de filmes e séries comerciais para Hollywood está em Paris com sua noiva e os pais dela. Com esse emprego ele acumulou dinheiro e um certo sucesso, mas está encantado com a capital francesa e o clima europeu e romântico que exala desta cidade, por isso está pensando em se mudar para lá e, assim, finalmente se concentrar em seu livro. Sua noiva, que sempre o menospreza, não concorda e prefere viver com a riqueza que ele possui nos Estados Unidos. Solitário e com esse seu pensamento, esse escritor divaga por Paris e, à meia-noite, um carro o apanha e o transporta para a década de 1920, e nesta época ele consegue conhecer pessoalmente os artistas que ele tanto admira e tem como referência.

Essa é apenas uma idéia introdutória e superficial do que ocorre no filme, ela serve apenas para despertar um interesse inicial, pois os detalhes e as pequenas tramas que se desenvolvem carregam todo o diferencial que hipnotiza o expectador.

Uma pessoa que seja admiradora de arte, ao assistir a este filme, experiencia um verdadeiro festival de deleite. É uma genuína cadeia de bom-humor que se inicia, pois uma vez que o escritor, personagem do filme vivido por Owen Wilson, entra em contato com as pessoas que ele tanto admira, isso deixa-o atônito e irremediavelmente feliz. Se você genuinamente gosta de arte e admira esses personagens que tão belamente traduzem as emoções, é exatamente assim que você também ficará. Chega a ser incontrolável esse sentimento coletivo, pois a simples imaginação da possibilidade de conhecer esses personagens já é contagiosamente jubilosa.

A direção e o roteiro de Woody Allen também estão excelentes, como ninguém ele torna envolvente uma cena utilizando-se de diálogo e das personalidades de suas personagens.


Assistir a este filme foi um grande prazer por si só. Ele é daqueles filmes que não se quer que acabe, pois o sentimento predominante é o da alegria. Essa alegria eu pude compartilhar com um grupo de amigos que assistiram ao filme comigo e isso só melhorou a experiência, pois eles me ajudam a viver em meio aos meus ídolos, transportando-me, no presente, à uma época em que eu conheço a todos.

2 comentários:

  1. Grande César, poeta dos desconhecidos.

    Perfeita síntese, "Ode à Arte".


    Incrível como Woody tem habilidade de amarrar bem o roteiro com intensa descrição dos personagens, sem tornar o filme chato e cansativo.

    Já vi o filme 4 vezes e percebo o quanto os argumentos utilizados por Woody são sempre tão simples.

    Feliz de ter dividido esse momento com você.

    Excelente postagem.

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  2. Valeu Carlos! Eu preciso pegar esse filme e mais alguns contigo. Já tentei pela Internet mas não consegui. Vamos marcar alguma coisa. Um abração meu velho.

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