sexta-feira, 22 de abril de 2011

A FESTA (Festen, Dianamarca, 1998)


Ao assistir a este filme senti um dever urgente de comentá-lo e trazê-lo para esse debate virtual em que procuro aguçar a curiosidade dos ocasionais leitores. É com esse sentimento emergencial que tenho logo que dizer: Este filme é ótimo! Se estiverem prestes a assistir esta película, acomodem-se e preparem-se para ver uma surpreendente obra de cinema.

Aqui no Blog eu procuro mostrar belas obras que merecem nossa atenção, mas são difíceis de serem notadas pois nem sempre recebem destaque. Ao fazer isso tenho trazido obras de várias nacionalidades, e, especificamente com os filmes, já é possível ver que não se deve subestimar obras de nacionalidades diversas. Este filme deve ser encarado dessa forma.

Feito na Dinamarca, com excelentes atores dinamarqueses, ele se apodera de um enredo relativamente simples, mas apresenta-o de uma forma  em que a atenção do espectador não é desviada para outra coisa além dos acontecimentos do filme até ele acabar. Esse descomplicado enredo é o de uma família que se reúne para festejar o aniversário de 60 anos do pai, mas, ao reunir toda a família , alguns segredos indesejados vêm à tona trazendo revelações perseguidoras.


O enredo é esse, mas tenham em mente uma coisa, apenas essa observação superficial da história é que é descomplicada, pois os seus detalhes são tudo, menos simples. Com isso não estou dizendo que este filme tem conteúdo difícil ou confuso, de maneira alguma, é a sensibilidade presente nele e os sentimentos envolvidos que são complexos. Neste filme aborda-se a constante dificuldade de se contar a verdade em uma família bem como a enorme resistência em escutá-la e enfrentá-la. As ramificações emocionais desse impasse são inúmeras. Existem aqueles que querem escutar essa verdade, outros que preferem não saber, alguns que sabiam mas eram amordaçados e vários outros que continuam a tentar de tudo para ocultá-la. As implicações sentimentais disso tudo trazem consequências que, uma vez alcançadas, são irreversíveis, sem possibilidade de um fácil contorno. Neste filme, isso tudo ocorre em uma só noite que, depois de terminada, será vista como, no mínimo, vertiginosa.

 
A forma como este filme foi filmado é bastante particular. A câmera em punho foi utilizada para acompanhar os atores durante suas ações no filme. Isso passou a impressão de que a câmera estava anônima no meio dos eventos, documentando as ações dos personagens. Estes agiam naturalmente e eram capturados pela câmera e seu operador, invisíveis mas imersos nos eventos. Essa escolha do diretor foi excelente, pois permitiu que o expectador se visse como um participante em todos os surpreendentes desenlaces da história.

Outro fator que não pode deixar de ser elogiado são os atores que trabalham nesta brilhante obra. Todos eles fazem um trabalho irretocável, o menos convincente é o ator americano que faz uma participação no filme, mas todo o resto do elenco realmente assumiu para si o grande desafio de interpretar as emoções que eclodiram durante o jantar retratado na película. Uma vez que o expectador se sente parte nos eventos ocorridos, se a interpretação não for genuína e autêntica, ela seria imediatamente notada e o filme se tornaria artificial. Mas o que ocorreu foi o extremo oposto disso. A autenticidade dos atores foi de nível superior, e se pôde vislumbrar o que cada pessoa experienciava em suas diferentes personalidades. 

 
Como eu afirmei no início, o teor emocional deste filme é complexo, mas foi belissimamente transportado para o cinema. A família retratada neste filme está a enfrentar consideráveis problemas, e devido ao seu nível de impacto, pode-se dizer que ela precisa de muita ajuda para só então ser qualificada como disfuncional. Participar desse evento é uma oportunidade reveladora, por isso posso dizer no imperativo: Assista a este filme, é um favor que você faz para si mesmo.

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