segunda-feira, 8 de abril de 2013

THE NEXT DAY (David Bowie, 2013)





Durante 10 anos sentimos uma lacuna artística, pois esse foi o hiato entre o penúltimo disco de David Bowie e este seu lançamento mais recente. Durante esse período muitas dúvidas vieram. Uma das dúvidas, por exemplo, foi a se o camaleão do rock iria aparecer com uma nova obra, ou se ele estava se preparando para oficialmente se aposentar. Mas a dúvida mais persistente era, se ele aparecesse com material novo, como é que seria essa nova obra. 

O camaleão do rock cultivou essas indagações em todos, sejam fãs ou apenas admiradores de rock, mas quando a resposta veio ela foi inebriante. O disco novo de David Bowie tem mesmo esse efeito. Está irretocável e, mais que isso, extasiante. Impressiona do começo ao fim e mostra que David Bowie não apenas persiste, mas é ele quem continua a ditar como se deve criar música.

A sonoridade deste disco está fantástica. Ela invoca uma ambientação andrógena, mas isso através dos instrumentos tradicionais (guitarra, bateria, baixo, teclado), e não por mesas tecnológicas. Esse sentimento futurista, mas exposto de forma clássica, se encaixa perfeitamente com a figura de David Bowie. Quando se escuta a grave voz dele, imediatamente se consegue visualizá-lo cantando e interpretanto as músicas. Esse é um efeito empolgante, pois o camaleão do rock é uma figura única e essa visualização imaginada traz uma euforia instantânea.

As letras das músicas, aqui, também servem para sustentar a qualidade do álbum. Há uma variação temática nas letras, mas todas as letras estão com alto nível. Em Bowie nunca faltou criatividade para que ele compusesse uma música com letra melosa e fácil. Esse nunca foi o caminho percorrido por esse artista. Neste disco essa qualidade permanece, e cada música tem de ser atenciosamente decifrada. A interpretação exige não só entender a letra das canções, mas também interpretar a parte instrumental. Com isso não estou dizendo que é preciso saber tocar instrumentos, ou ser estudioso de música, o que se deve fazer é absorver as emoções passadas pelo que se escuta. Isso deve ser feito ao se escutar qualquer música, pois um artista talentoso logicamente irá explorar esse aspecto, e isso é claramente feito por Bowie.


Mesmo no primeiro contato com esse álbum, a apreciação à suas músicas é instantânea, mas é com a repetição do disco que se vai sedimentando as qualidades, não só das músicas individualmente, mas do disco como um todo.

Esse álbum imediatamente consegue viciar o ouvinte. É impressionante essa capacidade presente nele. Fica-se querendo explorar as músicas e tirar o máximo do disco, pois ele transpira um sentimento de inquietude e afinidade. 

Seja na capa, que está enigmaticamente simples, seja nas canções, que estão empolgantes e originais, enfim, seja em todos os detalhes presentes nessa obra, o ouvinte quer participar dela mais e mais. Essa obra veio para impressionar, e impressiona. Impressiona pela qualidade sonora, pela elaboração artística inebriante, e ainda por tudo isso vir de uma figura que há quase quarenta anos vem inventando e reinventando o mundo do rock com uma energia inabalável. Seja por qualquer um desses fatores, ou até por todos eles juntos, será inevitável que, após escutar este disco,vocês farão como eu, e irão escutá-lo novamente.

 

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