domingo, 10 de julho de 2011

REINO ANIMAL (Animal Kingdom, Autrália, 2010)


Aqui está um título que realmente resume o ambiente de que trata este filme. Em REINO ANIMAL, as relações abordadas, apesar de serem humanas, são regradas por um sentimento selvagem, insitintivo e brutal no qual os sentimentos devem ser postos de lado pela necessidade de sobrevivência, sem deixar lugar para emoções como o medo e a hesitação, pois estas são rapidamente pressentidas e predatoriamente eliminadas. Esse é o tom que este filme demonstra sem exageros e com uma veracidade amedrontadora, pois, apesar de não ser uma história real, aponta meios animalescos da convivência humana, que existem em ocasiões mais frequentes do que se imagina.


Nesta história um rapaz de 17 anos perde a mãe por overdose de heroína e assim vai morar com sua avó e seus tios. No entanto, todos esses seus tios são violentos ladrões de bancos já procurados e vigiados pela polícia, e, pela violência de seus crimes, há até uma força tarefa especial para apanhá-los. Esse rapaz, ainda jovem e tímido, é imediatamente posto em contato com o lado violento e de bandidagem dessa sua parte da família, sendo inclusive usado em certas ocasiões. Mas tudo começa a rolar ladeira abaixo quando a polícia, vendo que não estava progredindo, assassina um dos tios, e assim desestabiliza o grupo e permite que o tio mais psicopata tome a liderança.

Este filme não mostra as ações criminosas que fizeram essa quadrilha familiar ser procurada, nem reconstrói um de seus roubos violentamente orquestrados, ele mostra mais as relações familiares desse grupo peculiar que aparentamente se apresenta unido e com uma certa harmonia. Mas só aparentemente. O filme também mostra o outro lado dessa família que em seu interior e nos momentos decisivos, a frieza de seus personagens torna-se assustadora e perigosíssima, especialmente para o rapaz que acaba de ingressar nesse meio.

Logo no início do filme vê-se o sentimento de apatia e dormência com relação aos outros que será presenciado nesta película. Na primeira cena, em que a mãe do rapaz está morta por overdose de heroína, mas ele ainda não sabe, o comportamento desse jovem é perturbador de tão ausente que é.

Em seguida a esta cena, dá-se início à apresentação dos créditos iniciais que muitos expectadores quando podem,  passam adiante, no entanto neste filme em particular eu achei esse um instante memorável. Movendo lentamente a câmera e com uma trilha sonora tensa, o diretor David Michôd, consegue instantaneamente formar o vínculo entre o título do filme e a vida violenta dos assaltantes à mão armada. Nessa abertura são mostrados em close rostos de assaltantes, usando máscaras e cometendo seus crimes. Esse detalhe aliado com a trilha sonora permite que o expectador imediatamente associe o tom do filme e a animosidade que seus personagens passam para os outros.

Ao falar que os personagens do filme são submetidos a um ambiente cruel eu não quero, de maneira alguma, inocentar suas atitudes, e nem o filme tenta fazer isso. Pelo contrário, o filme aponta, dentre outros fatores, a vulnerabilidade de todos aqueles que não fazem parte desse ambiente selvagem, e a fragilidade das pessoas que, em sua maioria, por serem mais fracas, são rapidamente dominadas por essa outra espécie humana que age por instinto. Para sobreviver nesse meio, há duas opções: o exílio, se afastando, assim, dessa animosidade, ou, ainda, como outro modo de sobrevivência, está a tentativa de se impor como dominante, eliminando, para isso, aquele que se dizia como tal. Goste ou não, essas são as regras deste Reino Animal.

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