O pôster sozinho deste filme já o torna curioso, mas não
apenas pelo visual inusitado do personagem, mas também pelo fato de ser Sean
Penn o dono desse visual. São conhecidos o comportamento rebelde e o
temperamento explosivo desse ator, assim, a imagem de um homem com maquiagem de
mulher, inseguro e triste está longe daquela conhecida do Sean Penn. Com isso em mente, a
curiosidade de ver o que estava por trás daquele pôster fez eu assistir a este
filme, e ainda bem que eu o fiz. A versatilidade desse ator impressiona mais
uma vez com uma performance impecável,
e a forma sensível com que este filme é retratado nos mostra que somos todos
estranhamente únicos, sempre em busca de nos encontrar.
Neste filme, Sean Penn é Cheyenne, um roqueiro aposentado
que, por acontecimentos trágicos, vive triste e desiludido consigo mesmo. Após
seu pai, um judeu que sobreviveu ao holocausto, falecer, Cheyenne resolve ir
atrás do homem que comandava o campo de concentração em seu pai esteve, sendo
este seu último desejo.
Esse é o enredo que move a história, mas o que se descobre é
muito mais. Na busca por esse criminoso nazista, o personagem de Sean Penn vai gradualmente
descobrindo a si mesmo e despindo as camadas protetivas das pessoas que ele
encontra no caminho.
Eu já adiantei que neste filme o trabalho de Sean Penn está
impecável, mas isso é dizer o óbvio. A atuação desse ator permitiu que
enxergássemos toda a estranheza do visual de seu personagem como um retrato
sincero e compatível com sua personalidade. Fazendo isso, pôde-se aproximar dele e
sensibilizar os espectadores com todas suas excentricidades. Esse efeito foi
fruto inegável da atuação de Sean Penn, que impressionou com uma versatilidade que
ainda surpreende.
Aliada com a fantástica atuação desse ator, a forma com
que a história foi contada permite que se desvende muito mais do que só o enredo principal
do filme. O visual do personagem principal é propositalmente estranho e
intencionalmente parecido com o visual dos vocalistas das bandas de rock dos
anos 80. Esse visual, por si só, já ajuda na descoberta do personagem que,
durante sua carreira, escrevia letras de música depressivas e fazia muito sucesso. De qualquer forma,
sua imagem é estranha e diferente de todos ao seu redor. Mas a maneira como o
filme foi retratado fez com que se percebesse que todos somos igualmente estranhos
e inusitados, muitas vezes até mais do que o próprio personagem principal do
filme. Entendendo isso, as estranhezas individuais se tornam características
particulares, sem causar espanto nos outros.
Essas descobertas acontecem enquanto o personagem principal
percorre os Estados Unidos em busca do homem que atormentou seu pai no campo de
concentração. Movido parcialmente pelo sentimento de vingança, esse personagem
para em pequenas cidades e entra em contato com pessoas simples e reais. Digo
reais, pois são pessoas sem quaisquer atributos especiais, no entanto, é aí que
se descobre que cada uma é particular a sua maneira, com suas esquisitices
únicas. Isso aproxima o personagem principal delas e, principalmente, dele
mesmo. Descobrindo e compreendendo sua própria personalidade, esse personagem
encontra quem todos nós passamos a vida a procurar, ou seja, a nós mesmos.
Brilhante a sua crítica sobre este filme maravilhoso.
ResponderExcluirParabéns por tanta clareza e percepção.