quinta-feira, 25 de julho de 2013

O NOVO MUNDO (The New World, USA, 2005)




Recentemente dei-me o prazer de assistir a este filme novamente, mas com certeza não esperava ficar tão maravilhado com ele, até mesmo porque era a segunda vez que o assistia! Mas dessa vez algo diferente aconteceu: eu realmente assisti ao filme. 

Ele como um todo transcende as obras cinematográficas e se transforma em uma pintura recitada em versos. Isso que eu acabei de afirmar não é exagero. É exatamente o que ele é. Assistir a este filme é entrar em contato com a arte em diversas de suas materializações. O cuidado com que este filme foi feito reclama também um cuidado diferenciado do espectador. Ao se programar para assistir a este filme, o espectador deve permitir que sua sensibilidade entre em contato com esta obra, e isso permitirá que os olhos desfrutem desse verdadeiro banquete artístico.

O filme conta a história do primeiro contato que os nativos da América do Norte tiveram com os colonos ingleses, e em paralelo se acompanha a trajetória sentimental pela qual passa Pocahontas, uma nativa de uma tribo que lá habitava.

Esse é um resumo conciso do enredo do filme, mas, na presente obra, o que importa mais não é tanto a história, mas como ela foi contada. A maneira como está sendo apresentado o tema do filme torna esse enredo, até simples, em uma obra histórica e sentimental bastante diferenciada. As escolhas do diretor e o cuidado que ele teve em todos os movimentos de cada cena fazem um diferencial sem tamanho e catapulta o deleite do espectador. Esse é o detalhe que diferencia este filme dos outros, pois foi com detalhes que este filme foi pintado.

 
O roteiro possui uma carência de falas, mas isso, nesta obra, não é defeito. Essa economia de linhas acontece porque as cenas com suas paisagens e movimentos transmitem todo o necessário para que a história seja belamente contada. Isso não retira o trabalho dos atores, pois eles têm de emanar sentimentos com gestos e olhares, que são complementados e elevados pelas paisagens que transmitem, não só beleza panorâmica, mas emoções e sentimentos.

A reflexão das cenas é, por vezes, aumentada com a voz dos personagens que buscam confirmação e definição para o turbilhão emocional que eles foram gradativamente se deparando.

A imagem, os sons e as falas são colocados com o cuidado de um pintor quando trabalha os detalhes de sua obra. Por isso, tem-se a impressão de que este filme foi pintado, e não filmado, principalmente quando se reconhece que todos os detalhes das cenas foram propositalmente lá colocados.

Ao mesmo tempo, esse quadro em movimento, que é apresentado ao espectador, é recitado, não só através das falas dos personagens, mas também pelos sons que emanam do ambiente. Assim, o espectador experiencia poesia visual e sonora.


Como eu falei anteriormente, este filme é arte em diversas de suas materializações. Assistir a esta obra deve ser uma experiência e não apenas uma admiração passiva de imagens. Feito com sensibilidade, este filme pede sensibilidade em troca. Esse intercâmbio permitirá que o espectador viva a história do filme e testemunhe a História desse momento em que a civilização demoliu um povo que tinha a natureza como amiga.

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