Os irmãos Coen já fizeram filmes marcantes, e
com eles gravaram seus nomes como ótimos diretores e escritores. Mas tudo
teve um começo, e foi no começo que este filme surgiu. Ele não foi o primeiro
filme a ser dirigido pelos irmãos Coen, mas foi um dos primeiros, e foi nele que
ficou cabalmente comprovado o talento desses dois irmãos.
Este filme é sobre a máfia, mas não carrega a violência como
sua marca principal. O que atrai a atenção neste filme é a inteligência e a
sutileza manipuladora do personagem prinecipal. São essas características que desenrolam a história e comandam os
destinos dos personagens. Não se pode desviar a atenção deste filme, pois um
segundo bocejando pode deixar o expectador sem entender todo o resto. A trama,
as jogadas e os esquemas foram orquestrados com primazia pelos irmãos Coen. Este
filme solidificou o início de suas carreiras, que já estava sendo bem recebida pelos
expectadores e pelo cinema.
Neste filme, o conselheiro de um mafioso tenta manter a paz entre
os chefões da máfia, mas, por isso mesmo, se vê encurralado e tem de por em
risco sua lealdade.
O enredo é curto e simples, mas acreditem, a história não é
nada simples. Neste filme a manipulação entre pessoas atingiu um novo nível.
Nada é feito sem um propósito, e muitas vezes só vemos esse propósito depois de
ele haver acontecido. Por deixar o expectador na ignorância, pode-se dizer
que até ele também é manipulado.
Para conseguir manter o expectador em estado de
curiosidade constante, o filme conta com um roteiro impecável. Os diálogos
acontecem em alta velocidade e com raciocínio rápido e afiado. Como toda a
história se desenvolve por esses diálogos, é preciso ter muita atenção a eles.
Nomes e gírias devem ser registrados, caso contrário muito se irá perder. Isso
não torna o filme cansativo, torna-o interessante e bem particular. Essa
particularidade existe, pois este é um filme de máfia, mas o que prevalece não
é a violência ou a força dos chefões, mas sim a esperteza, pois é ela que faz
tudo acontecer, sem ninguém perceber.
Com um diálogo tão afiado, era preciso de atores que realmente
pudessem carregar a necessária fluidez das falas, e foi exatamente isso que aconteceu neste
filme. Os atores estão excelentes e suas interpretações estão impecáveis. O
tempo das falas, a entoação das frases e as emoções dos personagens estão todos
imaculáveis neste filme. Isso foi essencial para esta obra, que carrega nos
diálogos o desenrolar da história.
A direção dos irmãos Coen também está bastante caracterizada
neste filme. Como a carreira desses dois irmãos já está bastante conhecida,
fica mais fácil de identificar a marca dessa parceria. As cenas com diálogos
longos e a violência realista são dois aspectos que se pode identificar como
constantes nessa dupla de diretores. No entanto, a violência aqui não é
demasiada, pelo contrário, o que está no centro do filme é a esperteza do
personagem de Gabriel Byrne. É esse personagem que consegue manipular inclusive
o expectador, que não vê saída senão admirar o emaranhado intelectual que esta
obra desvenda.
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