segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

AJUSTE FINAL (Miller’s Crossing, Estados Unidos, 1990)








Os irmãos Coen já fizeram filmes marcantes, e com eles gravaram seus nomes como ótimos diretores e escritores. Mas tudo teve um começo, e foi no começo que este filme surgiu. Ele não foi o primeiro filme a ser dirigido pelos irmãos Coen, mas foi um dos primeiros, e foi nele que ficou cabalmente comprovado o talento desses dois irmãos.

Este filme é sobre a máfia, mas não carrega a violência como sua marca principal. O que atrai a atenção neste filme é a inteligência e a sutileza manipuladora do personagem prinecipal. São essas características que desenrolam a história e comandam os destinos dos personagens. Não se pode desviar a atenção deste filme, pois um segundo bocejando pode deixar o expectador sem entender todo o resto. A trama, as jogadas e os esquemas foram orquestrados com primazia pelos irmãos Coen. Este filme solidificou o início de suas carreiras, que já estava sendo bem recebida pelos expectadores e pelo cinema.

Neste filme, o conselheiro de um mafioso tenta manter a paz entre os chefões da máfia, mas, por isso mesmo, se vê encurralado e tem de por em risco sua lealdade.


O enredo é curto e simples, mas acreditem, a história não é nada simples. Neste filme a manipulação entre pessoas atingiu um novo nível. Nada é feito sem um propósito, e muitas vezes só vemos esse propósito depois de ele haver acontecido. Por deixar o expectador na ignorância, pode-se dizer que até ele também é manipulado.

Para conseguir manter o expectador em estado de curiosidade constante, o filme conta com um roteiro impecável. Os diálogos acontecem em alta velocidade e com raciocínio rápido e afiado. Como toda a história se desenvolve por esses diálogos, é preciso ter muita atenção a eles. Nomes e gírias devem ser registrados, caso contrário muito se irá perder. Isso não torna o filme cansativo, torna-o interessante e bem particular. Essa particularidade existe, pois este é um filme de máfia, mas o que prevalece não é a violência ou a força dos chefões, mas sim a esperteza, pois é ela que faz tudo acontecer, sem ninguém perceber.

Com um diálogo tão afiado, era preciso de atores que realmente pudessem carregar a necessária fluidez das falas, e foi exatamente isso que aconteceu neste filme. Os atores estão excelentes e suas interpretações estão impecáveis. O tempo das falas, a entoação das frases e as emoções dos personagens estão todos imaculáveis neste filme. Isso foi essencial para esta obra, que carrega nos diálogos o desenrolar da história.

A direção dos irmãos Coen também está bastante caracterizada neste filme. Como a carreira desses dois irmãos já está bastante conhecida, fica mais fácil de identificar a marca dessa parceria. As cenas com diálogos longos e a violência realista são dois aspectos que se pode identificar como constantes nessa dupla de diretores. No entanto, a violência aqui não é demasiada, pelo contrário, o que está no centro do filme é a esperteza do personagem de Gabriel Byrne. É esse personagem que consegue manipular inclusive o expectador, que não vê saída senão admirar o emaranhado intelectual que esta obra desvenda.

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