sábado, 8 de setembro de 2012

THE FINAL CUT (Pink Floyd, 1983)






Criado em meio a discussões internas que acabaram separando os membros de Pink Floyd, este disco divide gostos e sentimentos. 

Para uns, ele é o álbum que representa a saída de Roger Waters da banda, e julgam-no negativamente. Para outros, apesar da ausência de Richard Wright, ele continua sendo um disco de Pink Floyd, e ainda com uma qualidade destacável, chegando a ser considerado uma das relevantes obras da banda.

Não busco encerrar esse duelo, desejo apenas comentar esta obra. Mas tenho que confessar que sempre fui fã deste disco, apesar de todo o turbilhão que o cerca. Esta é uma obra que, talvez exatamente por ter sido elaborada em meio a conflitos e discussões, carrega um teor emocional raivoso e único, assinado com um acompanhamento musical poético. Essas características produziram uma obra de excelência ímpar, que não foi alcançada novamente, pois Pink Floyd se despedia do seu membro que, apesar de controverso, era também brilhante.

Neste disco Roger Waters se debruçou novamente sobre a temática da guerra. The Wall foi claramente autobiográfico, mas este álbum foi além. Aqui as letras das músicas apresentam uma visão crítica, triste e emotiva daqueles que tiveram de enfrentar as batalhas, das pessoas que permaneceram à espera de um retorno que nem sempre aconteceu, e das consequências psicológicas desses que testemunharam a brutalidade da guerra. 

Roger Waters abordou esses temas traduzindo a tristeza dessas situações em versos e melodias. As letras são poderosas e se rebelam contra a decisão calculista de enviar homens para a batalha. Essa angústia não encontra relevância apenas em épocas de guerra, ela perpassa esse momento, trazendo reflexão e inquietação nos períodos em que o confronto não chega a ser bélico.

Devido a discussões internas na banda, o tecladista, Richard Wright, não participou deste disco. Apesar de ser um músico insubstituível e de enorme relevância para todos os discos de Pink Floyd, sua ausência não suprimiu o lugar de destaque deste álbum. 

Os demais membros da banda usaram de seu excedente talento ao compor a parte instrumental das músicas, conseguindo um encaixe perfeito entre música e letra. Essa compatibilidade é tão uniforme neste álbum que é difícil não escutá-lo por inteiro. As músicas se completam, uma após a outra, e fica difícil escutar uma música isolada. Este disco, em particular, merece ser escutado como uma obra indivisível. Isso permite que se viaje pelo espectro sentimental que suas músicas belamente proporcionam.

Muitos fãs e admiradores de Pink Floyd apresentam resistência em gostar deste disco, pois alegam que ele é diferente dos outros.  Mas Pink Floyd nunca produziu um disco igual a qualquer outro anterior. Isso faz dessa banda grandiosa e comprova seu talento e competência musicais. 

Já que nenhum álbum de Pink Floyd é igual a outro deles, com este não podia ser diferente. Essa versatilidade permite que eles nos presenteiem com novidades que renovam nossa admiração por essa banda. 

Apesar de não haver previsão de essa banda lançar algo novo, seu conjunto de obras permanece rico e inesgotável. Essa fertilidade faz com que a admiração por Pink Floyd se renove a cada vez em que eu escuto um disco deles, e isso também acontece quando escuto a este disco, que, apesar de tudo, considero grandioso.

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